
"Não sei como me defender dessa ternura que cresce
escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo
atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir,
e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante.
Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto.
Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão
ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão
nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna
a surgir a solidão."
Caio Fernando Abreu