
O dia não é hora por hora.
É dor por dor,
o tempo não se dobra,
não
se gasta,
mar, diz o mar,
sem trégua,
terra, diz a terra,
o
homem espera.
E só
seu sino
está ali entre os outros
guardando
em seu vazio
um silêncio implacável
que se repartirá
quando
levante sua língua de metal
onda após onda.
De tantas
coisas que tive,
andando de joelhos pelo mundo,
aqui, despido,
não
tenho mais que o duro meio-dia
do mar, e um sino.
Eles me
dão sua voz para sofrer
e sua advertência para deter-me.
Isto
acontece para todo o mundo,
continua o espaço.
E vive o mar.
Existem os sinos.
(PABLO NERUDA)