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Ame algo mais elevado, algo maior, algo no qual você se perderá e que não possa controlar; você pode ser possuído por ele, mas não pode possuí-lo. Então o ego desaparece, e, quando o amor não tiver ego, ele será prece. Osho

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Photobucket Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras. São Francisco de Assis

sábado, 8 de outubro de 2011



Havia num bosque isolado uma bonita violeta satisfeita entre suas companheiras.
Certa manhã, levantou a cabeça e viu uma rosa que se balançava acima dela, radiante e orgulhosa.
Gemeu a violeta, dizendo: “Pouca sorte tenho eu entre as flores! Humilde é meu destino! Vivo pegada a terra, e não posso levantar a face para o sol como fazem as rosas.”
A natureza ouviu, e disse à violeta: “Que te aconteceu, filhinha? As vãs ambições apoderaram-se de ti?”
- Suplico-te, ó Mãe poderosa, disse a violeta. Transforma-me em rosa, por um dia só que seja.
- Tu não sabes o que estás pedindo, retrucou a Natureza. Ignoras o que se esconde de infortúnios atrás das aparentes grandezas.
- Transforma-me numa rosa esbelta e alta, insistiu a Violeta, tudo o que me acontecer será a conseqüência dos meus próprios desejos e aspirações.
A Natureza estendeu sua mão mágica, e a Violeta tornou-se uma rosa suntuosa.
Na tarde daquele dia o céu escureceu-se, e os ventos e a chuva devastaram o bosque. As árvores e as rosas foram abatidas. Somente as humildes violetas escaparam ao massacre. E uma delas olhando em volta de si gritou às suas companheiras: “Hei, vejam, o que a tempestade fez das grandes plantas que se levantavam com orgulho e impertinência.”
Disse outra: “Nós nos apegamos a terra, mas escapamos à fúria dos furacões.”
Disse a terceira: “Somos pequenas e humildes, mas as tempestades nada podem contra nós.”
Então a rainha das violetas viu a rosa que tinha sido violeta, estendida no chão como morta. E disse:
- Vejam e meditem, minhas filhas, sobre a sorte da violeta que as ambições iludiram. Que seu infortúnio lhes sirva de exemplo!
Ouvindo essas palavras, a rosa agonizante estremeceu e, apelando para todas as forças, disse com voz entrecortada:
“Ouvi, vós, ignorantes, satisfeitas, covardes. Ontem, eu era como vós, humilde e segura. Mas a satisfação que me protegia também me limitava. Podia continuar a viver como vós, pegada a terra, até que o inverno me envolvesse em sua neve e me levasse para o silêncio eterno sem que soubesse dos segredos e glorias da vida mais do que as inúmeras gerações de violetas, desde que houve violetas.
Mas escutei no silencio da noite e ouvi o mundo superior dizer a este mundo: “O alvo da vida é atingir o que há além da vida.” Pedi então à Natureza – que nada mais é do que a exteriorização de nossos sonhos invisíveis – transformar-me em rosa. E a Natureza cedeu ao meu desejo.
Vivi uma hora como rosa. Vivi uma hora como rainha. Vi o mundo pelos olhos de rosas. Ouvi a melodia do éter com o ouvido das rosas. Acariciei a luz com as pétalas das rosas. Pode alguma de vós vangloriar-se de tal honra?
Morro agora, levando na alma o que nenhuma alma de violeta jamais experimentava. Morro, sabendo o que há atrás dos horizontes estreitos onde nascera. É esse o alvo da vida.”


[Gibran Khalil Gibran]
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