
"Se não fosse o sonhar, o viver num perpétuo alheamento, poderia, de bom grado, chamar-me
um realista, isto é, um indivíduo para quem o mundo exterior é uma nação independente.
Mas prefiro não me dar nome, ser o que sou com uma certa obscuridade e ter
comigo a malícia de me não saber prever.
Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois não sendo mais,
nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que
ter o melhor espectáculo que posso.
Assim, me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre
jogos de luzes brandas e músicas invisíveis."
- Fernando Pessoa –