
RUMO
Somente sou quando em verso.
Minhas faces mais diversas
são labirintos antigos
que me confundem e perdem.
Meu pensamento perfura
muros de nada, à procura
do que não fui nem serei.
Ante a carne fêmea e branca
meu corpo se recompõe
ofertando o que não sou.
Meu caminhar e meus gestos
mal e apenas anunciam
minha ainda permanência.
Para chegar até onde
não me presumo, mas sou,
sigo em forma de palavra.
(Thiago de Mello - do livro: Silêncio e Palavra)