
VII
VIRÀS comigo, como, disse, sem que ninguém soubesse
onde e como pulsava meu estado doloso
e para mim não havia cravo nem barcarola,
nada senão uma ferida pelo amor aberta.
Repeti: vem comigo, como se morresse,
E ninguém viu em minha boca a lua que sangrava,
Ninguém viu aquele sangue que subia ao silêncio.
Oh amor, agora esqueçamos a estrela com pontas!
Por isso quando ouvi que tua voz repetia
“Virás comigo”,foi como se desatasses
Dor, amor, a fúria do vinho encarcerado
que de sua cantina submergida soubesse
e outra vez em minha boca senti um sabor de chama,
de sangue e cravos ,de pedras e queimadura.
(Pablo Neruda
Trad.:Carlos Nejar)